Primeiro amor - Ivan Turguêniev.
Ah juventude! Juventude! Você parece não ligar para nada, parece possuir todos os tesouros do universo, até a tristeza lhe traz contentamento, até o desgosto lhe cai bem, você é confiante e ousada, você diz: Só eu vivo – cuidado! Mas também para você os dias correm e somem, sem conta e sem deixar vestígio, e tudo em você desaparece, como a cera sob o sol, como a neve... E talvez todo o segredo de seu encanto consista não na possibilidade de pensar que você fará tudo – consista justamente em que você solte aos ventos forças que não saberia empregar de outro modo –consista em que cada um de nós se considere a sério um perdulário, e acredite a sério que tem o direito de dizer: "Ah, quanta coisa eu faria se não tivesse desperdiçado meu tempo!". (...)
Quantas esperanças eu tinha (...) Mas, de tudo aquilo que eu esperava, o que se realizou? E agora, quando em minha vida já começam a baixar as sombras do entardecer, o que me restou de mais fresco, de mais caro, do que as lembranças daquela tempestade primaveril, matutina, que passou tão depressa?
Ivan Turguêniev. In: Primeiro amor.
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