Deslembro incertamente. Meu passado... Fernando Pessoa.
Deslembro incertamente. Meu passado Não sei quem o viveu. Se eu mesmo fui, Está confusamente deslembrado E logo em mim enclausurado flui. Não sei quem fui nem sou. Ignoro tudo. Só há de meu o que me vê agora — O campo verde, natural e mudo Que um vento que não vejo vago aflora. Sou tão parado em mim que nem o sinto. Vejo, e onde [o] vale se ergue para a encosta Vai meu olhar seguindo o meu instinto Como quem olha a mesa que está posta. Fernando Pessoa.