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Mostrando postagens de 2016

Se se morre de Amor - Gonçalves Dias.

Amor é vida; é ter constantemente Alma, sentidos, coração — abertos Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,  D'altas virtudes, té capaz de crimes!  Compreender o infinito, a imensidade,  E a natureza e Deus; gostar dos campos,  D'aves, flores, murmúrios solitários;  Buscar tristeza, a soledade, o ermo,  E ter o coração em riso e festa;  E à branda festa, ao riso da nossa alma  Fontes de pranto intercalar sem custo;  Conhecer o prazer e a desventura  No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto  O ditoso, o misérrimo dos entes;  Isso é amor, e desse amor se morre!  Sentir, sem que se veja, a quem se adora,  Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,  Segui-la, sem poder fitar seus olhos,  Amá-la, sem ousar dizer que amamos,  E, temendo roçar os seus vestidos,  Arder por afogá-la em mil abraços:  Isso é amor, e desse amor se morre!  Gonçalves Dias. 

Há dias em que a chuva diz por mim - São Reis.

Há dias em que a chuva diz por mim tudo aquilo que gostaria e não consigo São Reis.

Os teus olhos - São Reis.

Os teus olhos onde a paixão crepita e a saudade desponta  onde a lágrima nasce  e o riso se mistura  com a mais negra tristeza  Os teus olhos  tão expressivos e tão fundos  tão gritantemente precisos e mudos  Ah meu amor  como amar-te  sem beijar os teus olhos?  como deixar-te  sem te olhar uma ultima vez  e sentir a tentação de ficar  e ficar aí preso nesse olhar  que tanto tem de cárcere  como de liberdade...  São Reis.

A vossa alegria é a vossa tristeza mascarada - Khalil Gibran.

A vossa alegria é a vossa tristeza mascarada. E o mesmo poço de onde sai o vosso riso esteve muitas vezes cheio de lágrimas. E como poderá ser de outra maneira? (...) Quanto mais fundo a tristeza entrar no vosso ser, maior é a alegria que podereis conter. Quando estiverdes alegres, olhai bem dentro do vosso coração e descobrireis que só aquele que vos deu tristezas vos dá também alegrias. ... Quando estiverdes tristes, olhai novamente para dentro do vosso coração e vereis que na verdade estais a chorar por aquilo que foi a vossa alegria. Alguns de vós dizeis, "A alegria é maior que a tristeza" e outros dirão "Não, a tristeza é maior". "Mas eu digo-vos que são inseparáveis." Khalil Gibran.

Na simplicidade - Mário Quintana.

Na simplicidade aprendemos que reconhecer um erro não nos diminui, mas nos engrandece,  e que as pessoas não existem para nos admirar, mas para compartilhar conosco a beleza da existência. Mário Quintana.

A arte de viver - Mário Quintana.

A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil! Mário Quintana.

Oh ! aquele menininho - Mário Quintana.

Oh ! aquele menininho que dizia "Fessora, eu posso ir lá fora?" mas apenas ficava um momento bebendo o vento azul ...  Agora não preciso pedir licença  a ninguém.  Mesmo porque não existe paisagem  lá fora: somente cimento.  O vento não mais me fareja a face  como um cão amigo ...  Mais o azul irreversível persiste em meus olhos.  Mário Quintana.

A Rua dos Cataventos - Mário Quintana.

A Rua dos Cataventos Da vez primeira em que me assassinaram, Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Depois, a cada vez que me mataram,  Foram levando qualquer coisa minha.  Hoje, dos meu cadáveres eu sou  O mais desnudo, o que não tem mais nada.  Arde um toco de Vela amarelada,  Como único bem que me ficou.  Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!  Pois dessa mão avaramente adunca  Não haverão de arrancar a luz sagrada!  Aves da noite! Asas do horror! Voejai!  Que a luz trêmula e triste como um ai,  A luz de um morto não se apaga nunca!  Mário Quintana.

Amor é síntese - Mário Quintana.

Amor é síntese  Por favor, não me analise Não fique procurando cada ponto fraco meu. Se ninguém resiste a uma análise profunda,  Quanto mais eu...  Ciumento, exigente, inseguro, carente  Todo cheio de marcas que a vida deixou  Vejo em cada grito de exigência  Um pedido de carência, um pedido de amor.  Amor é síntese  É uma integração de dados  Não há que tirar nem pôr  Não me corte em fatias  Ninguém consegue abraçar um pedaço  Me envolva todo em seus braços  E eu serei o perfeito amor.  Mário Quintana.

O tempo - Mário Quintana.

O tempo A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Mário Quintana.

As noites em que você luta melhor - Charles Bukowski.

"As noites em que você luta melhor são quando todas as armas estão apontadas para você, quantos todas as vozes lançam seus insultos enquanto o sonho está sendo estrangulado. As noites em que você luta melhor são quando a razão leva um chute no estômago, quando as carruagens da melancolia te cercam. As noites em que você luta melhor são quando o riso dos idiotas preenche o ar, quando o beijo da morte é confundido com o amor. [...]" Charles Bukowski.

Sobrevivi - Charles Bukowski.

Sobrevivi "minha própria  história: este modo terrível de viver. mas sinto que agora agarrei a vitória sobre toda essa inútil negra e furiosa histeria. sobrevivi a tudo isso e podem me dar porradas com suas vidas raivosas e me queimar em meu leito de morte. mas de algum modo encontrei uma paz perpétua que nunca conseguirão tirar  de mim." As pessoas parecem flores finalmente - Charles Bukowski.

Entre nós dois - Charles Bukowski

"Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era sempre assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, Cass dava aquela risada - da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira." Charles Bukowski.

Você tem um gato? - Charles Bukowski

"Você tem um gato? Ou gatos? Eles dormem, cara. Podem dormir 20 horas por dia e são lindos. Sabem que não há nada para se preocupar. A próxima refeição. E alguma coisinha para matar de vez em quando. Quando estou sendo dilacerado pelas forças, olho para um ou vários dos meus gatos. É só olhar para um deles dormindo ou meio dormindo e relaxo. Escrever também é meu gato. Escrever me faz enfrentar as coisas. Me acalma. Por algum tempo, pelo menos." O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio - Charles Bukowski

Sobre gatos - Charles Bukowski.

Uma das melhores coisas dos gatos é que quando você se sente mal, péssimo - se você observa um gato de modo indiferente como eles fazem, é uma lição de perseverança contra as adversidades, e se você puder observar 5 gatos é 5 vezes melhor. Charles Bukowski.

Sozinho com todo mundo - Charles Bukowski

Sozinho com todo mundo a carne cobre o osso e colocam uma cabeça lá dentro e  às vezes uma alma,  e as mulheres quebram  vasos nas paredes  e os homens bebem  demais  e ninguém encontra  ninguém  mas continuam  procurando  rastejando pra dentro e pra fora  das camas.  carne cobre  osso e  carne procura  por mais  carne.  não há sorte  no fim das contas:  estamos todos presos  a um destino  singular.  ninguém nunca encontra  ninguém.  as lixeiras da cidade preenchem  os ferros-velhos preenchem  os hospícios preenchem  os hospitais preenchem  os cemitérios preenchem  nada mais  preenche.  Charles Bukowski

Sei que nos movemos em direção à miragem - Charles Bukowski.

Sei que nos movemos em direção à miragem, nossas vidas são desperdiçadas, como as de todo mundo. Eu sei que nove décimos de mim já morreram, mas eu guardo o décimo restante como uma arma. Charles Bukowski.

Se eu tivesse os panos bordados do céu - William Butler Yeats.

"Se eu tivesse os panos bordados do céu Com bainhas de luz dourada e de prata As sedas azuis e sombrias e escuras Da noite e da luz e da meia-luz Deitava-as todas aos teus pés  Mas eu sou pobre e só tenho os meus sonhos  Deitei-os todos aos teus pés  Pisa com cuidado,  É nos meus sonhos que estás a pisar."  William Butler Yeats.

Se a um espelho e depois a outro - William Butler Yeats.

Se a um espelho e depois a outro, pergunto se tudo vai bem não é por vaidade: procuro o rosto que tinha antes do mundo o transformar. William Butler Yeats.

Quando fores velha - William Butler Yeats.

Quando fores velha Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono, Dormitando junto à lareira, toma este livro, Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar  Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;  Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,  Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,  Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,  E amou as mágoas do teu rosto que mudava;  Inclinada sobre o ferro incandescente,  Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou  E em largos passos galgou as montanhas  Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.  William Butler Yeats.

Sentir tudo de todas as maneiras - Fernando Pessoa.

Sentir tudo de todas as maneiras,  viver tudo de todos os lados,  ser a mesma coisa de todos os modos possíveis  ao mesmo tempo,  realizar em si toda a humanidade de todos os momentos. Álvaro de Campos - Heterônimo de Fernando Pessoa.

Sou um evadido - Fernando Pessoa.

Sou um evadido. Logo que nasci Fecharam-me em mim, Ah, mas eu fugi. Se a gente se cansa Do mesmo lugar, Do mesmo ser Por que não se cansar? Minha alma procura-me Mas eu ando a monte, Oxalá que ela Nunca me encontre. Ser um é cadeia, Ser eu não é ser. Viverei fugindo Mas vivo a valer. Fernando Pessoa.

Dá-me, um sorriso ao domingo - Fernando Pessoa.

Dá-me, um sorriso ao domingo, Para à segunda eu lembrar. Bem sabes: sempre te sigo E não é preciso andar. Fernando Pessoa.

Se Deus é a natureza - Fernando Pessoa.

"Mas se Deus é as flores e as árvores  E os montes e sol e o luar, Então acredito nele. Então acredito nele a toda a hora,  E a minha vida é toda uma oração e uma missa,  E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos."  Fernando Pessoa - O Guardador de Rebanhos.

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir - Fernando Pessoa.

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto {…} De resto, com que posso contar comigo? Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo…Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sôfrego de me entreter… Fernando Pessoa.

A minha vida é como se me batessem com ela - Fernando Pessoa.

A minha vida é como se me batessem com ela. A solidão desola-me; a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa desencaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distração especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir. (...) Correr riscos reais, além de me apavorar, não é por medo que eu sinta excessivamente - perturba-me a perfeita atenção às minhas sensações, o que me incomoda e despersonaliza. (...) E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou. (...) Não há sossego - e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter. Bernardo Soares - Heterônimo de Fernando Pessoa.  Livro do desassossego.

Toda poesia reflete o que a alma não tem - Fernando Pessoa.

Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflete o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste. Fernando Pessoa.

Todos somos iguais na capacidade para o erro e para o sofrimento - Fernando Pessoa.

“Todos somos iguais na capacidade para o erro e para o sofrimento. Só não passa quem não sente; e os mais altos, os mais nobres, os mais previdentes, são os que vêm a passar e a sofrer do que previam e do que desdenhavam. É a isto que se chama a Vida.” Fernando Pessoa.

Porque eu sou do tamanho do que vejo - Fernando Pessoa.

Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura. Bernardo Soares - Heterônimo de Fernando Pessoa.

Tabacaria - Fernando Pessoa.

Tabacaria Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada.  À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.  Janelas do meu quarto,  Do meu quarto de um dos milhões do mundo.  que ninguém sabe quem é  ( E se soubessem quem é, o que saberiam?),  Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,  Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,  Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,  Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,  Com a morte a por umidade nas paredes  e cabelos brancos nos homens,  Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.  Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.  Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,  E não tivesse mais irmandade com as coisas  Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua  A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada  De dentro da minha cabeça,  E uma sacudidela

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio - Fernando Pessoa.

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos  Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.  (Enlacemos as mãos).  Depois pensemos, crianças adultas, que a vida  Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,  Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,  Mais longe que os deuses.  Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.  Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.  Mais vale saber passar silenciosamente  E sem desassossegos grandes.  Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,  Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,  Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,  E sempre iria ter ao mar.  Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,  Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e caricias,  Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro  Ouvindo correr o rio e vendo-o.  Colhamos flores, pega tu nelas e deixa

Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá - Fernando Pessoa.

Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá, guiando-se pelo instinto dos gatos, que buscam o sol quando há sol, o calor onde quer que esteja. Fernando Pessoa.

O pastor amoroso - Fernando Pessoa.

Está alta no céu a lua e é primavera.  Penso em ti e dentro de mim estou completo. Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.  Penso em ti, murmuro o teu nome; não sou eu: sou feliz. Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelos campos,  E eu andarei contigo pelos campos a ver-te colher flores.  Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,  Mas quando vieres amanhã e andares comigo realmente a colher flores, Isso será uma alegria e uma novidade para mim.  Alberto Caeiro. In: O pastor amoroso. 

O Meu Olhar - Fernando Pessoa.

O Meu Olhar O meu olhar é nítido como um girassol.  Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda,  E de, vez em quando olhando para trás...  E o que vejo a cada momento  É aquilo que nunca antes eu tinha visto,  E eu sei dar por isso muito bem...  Sei ter o pasmo essencial  Que tem uma criança se, ao nascer,  Reparasse que nascera deveras...  Sinto-me nascido a cada momento  Para a eterna novidade do Mundo...  Creio no mundo como num malmequer,  Porque o vejo.Mas não penso nele  Porque pensar é não compreender ...  O Mundo não se fez para pensarmos nele  (Pensar é estar doente dos olhos)  Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...  Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...  Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,  Mas porque a amo, e amo-a por isso,  Porque quem ama nunca sabe o que ama  Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...  Amar é a eterna inocência,  E a única inocência

Estás só Ninguém o sabe - Fernando Pessoa.

Estás só Ninguém o sabe Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.  Mas finge sem fingimento.  Nada esperes que em ti já não exista,  Cada um consigo é triste.  Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,  Sorte se a sorte é dada.  Ricardo Reis - Heterônimo de Fernando Pessoa.

Divido o que conheço - Fernando Pessoa.

Divido o que conheço. De um lado é o que sou Do outro quanto esqueço. Por entre os dois eu vou.  Não sou nem quem me lembro  Nem sou quem há em mim.  Se penso me desmembro.  Se creio, não há fim.  Que melhor que isto tudo  É ouvir, na ramagem  Aquele ar certo e mudo  Que estremece a folhagem.  Fernando Pessoa.

Fúria nas trevas o vento - Fernando Pessoa.

Fúria nas trevas o vento Num grande som de alongar Não há no meu pensamento Senão não poder parar.  Parece que a alma tem  Treva onde sopre a crescer  Uma loucura que vem  De querer compreender.  Raiva nas trevas o vento  Sem se poder libertar.  Estou preso ao meu pensamento  Como o vento preso ao ar.  Fernando Pessoa.

Tu, e teus beijos, e a alegria? Tudo isto é, e não pode ser. - Fernando Pessoa.

Não creio ainda no que sinto - Teus beijos, meu amor, que são A aurora ao fundo do recinto Do meu sentido coração...  Não creio ainda nessa boca  Que, por tua alma em beijos dada,  Na minha boca estaca e toca  E ali (...) fica parada.  Não creio ainda. Poderia  Acaso a mim acontecer  Tu, e teus beijos, e a alegria?  Tudo isto é, e não pode ser.  Fernando Pessoa.

Ah, quanta vez, na hora suave - Fernando Pessoa.

Ah, quanta vez, na hora suave Em que me esqueço, Vejo passar um voo de ave E me entristeço!  Porque é ligeiro, leve, certo  No ar de amavio?  Porque vai sob o céu aberto  Sem um desvio?  Porque ter asas simboliza  A liberdade  Que a vida nega e a alma precisa?  Sei que me invade  Um horror de me ter que cobre  Como uma cheia  Meu coração, e entorna sobre  Minha alma alheia  Um desejo, não de ser ave,  Mas de poder  Ter não sei quê do voo suave  Dentro em meu ser.  Fernando Pessoa.

Não: devagar - Fernando Pessoa.

Não: devagar. Devagar, porque não sei Onde quero ir. Há entre mim e os meus passos  Uma divergência instintiva.  Há entre quem sou e estou  Uma diferença de verbo  Que corresponde à realidade.  Devagar...  Sim, devagar...  Quero pensar no que quer dizer  Este devagar...  Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.  Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.  TaIvez a impressão dos momentos seja muito próxima...  Talvez isso tudo...  Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...  O que é que tem que ser devagar?  Se calhar é o universo...  A verdade manda Deus que se diga.  Mas ouviu alguém isso a Deus?  Álvaro de Campos - Heterônimo de Fernando Pessoa.

Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas - Fernando Pessoa.

Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.  Para ti tudo tem um sentido velado.  Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.  O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa. Para mim, graças a ter olhos só para ver,  Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;  Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.  Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.  Alberto Caeiro - Heterônimo de Fernando Pessoa.

Tenho em mim como uma bruma - Fernando Pessoa.

Tenho em mim como uma bruma Que nada é nem contém A saudade de coisa nenhuma, O desejo de qualquer bem.  Sou envolvido por ela  Como por um nevoeiro  E vejo luzir a última estrela  Por cima da ponta do meu cinzeiro.  Fumei a vida. Que incerto  Tudo quanto vi ou li!  E todo o mundo é um grande livro aberto  Que em ignorada língua me sorri.  Fernando Pessoa.

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada - Fernando Pessoa.

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada E que os pés dos pobres me estivessem pisando...  Quem me dera que eu fosse os rios que correm  E que as lavadeiras estivessem à minha beira...  Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio  E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...  Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro  E que ele me batesse e me estimasse...  Antes isso que ser o que atravessa a vida  Olhando para trás de si e tendo pena...  Alberto Caeiro - Heterônimo de Fernando Pessoa.  

Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa.

O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.  Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa.

Eternidade - Guimarães Rosa.

Ando com fome de coisas sólidas e com ânsia de viver só o essencial. Pessoalmente, penso que chega um momento na vida da gente, em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de "eternidade". Guimarães Rosa.

Só há um modo de escapar de um lugar - Mia Couto.

Só há um modo de escapar de um lugar: é sairmos de nós. Só há um modo de sairmos de nós: é amarmos alguém.  Mia Couto.

O paraíso - Mia Couto.

O paraíso não é um lugar, é um breve momento que conquistamos. Mia Couto.

A infância - Mia Couto.

A infância não é um tempo, não é uma idade, uma coleção de memórias. A infância é quando ainda não é demasiado tarde. É quando estamos disponíveis para nos surpreendermos, para nos deixarmos encantar. Mia Couto.  A infância é uma janela, que fechada ou aberta, permanece viva dentro de nós.  Mia Couto.

Quem sabe, um dia, eu em mim, colha um jardim? - Mia Couto.

Não aprendi a colher a flor  sem esfacelar as pétalas.  Falta-me o dedo menino  de quem costura desfiladeiros.  Criança, eu sabia  suspender o tempo,  soterrar abismos  e nomear as estrelas.  Cresci,  perdi pontes,  esqueci sortilégios.  Careço da habilidade da onda,  hei-de aprender a carícia da brisa.  Trémula, a haste  me pede  o adiar da noite.  Em véspera da dádiva,  a faca me recorda, no gume do beijo,  a aresta do adeus.  Não, não aprenderei  nunca a decepar flores.  Quem sabe, um dia,  eu, em mim, colha um jardim?  Mia Couto.

Meu poema quer ser do chão - Mia Couto.

Meu poema quer ser do chão,  a mais impura sedução.  Meu poema,  do silêncio foi alimento:...  ali, minto  entre o que sendo e sinto.  Nele sou  tudo o que o vento alisou:  resto de grão  pó de eira  poeira,  poço,  pó,  só.  Mia Couto.

Mesmo que eu seja apenas um esquecimento teu - Mia Couto.

É manhã e eu ainda te espero. Escrava, escrevo. Sou a minha própria corrente,  sou o meu navio negreiro.  Entrego-te os meus pulsos  para que me leves  mesmo que eu seja  apenas um esquecimento teu...  Mia Couto.

Mulher - Victor Hugo.

O homem pensa. A mulher sonha. Pensar é ter cérebro.  Sonhar é ter na fronte uma auréola.  O homem é um oceano.  A mulher é um lago.  O oceano tem a pérola que embeleza.  O lago tem a poesia que deslumbra.  O homem é a águia que voa.  A mulher, o rouxinol que canta.  Voar é dominar o espaço.  Cantar é conquistar a alma.  O homem tem um farol: a consciência.  A mulher tem uma estrela: a esperança.  O farol guia.  A esperança salva.  Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.  A mulher, onde começa o céu!!!  Victor Hugo.

Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras - Eduardo Galeano.

Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta".  Eduardo Galeano.

Há mais perigo em teus olhos - Shakespeare.

Há mais perigo em teus olhos do que em vinte espadas. Shakespeare.

A mais carinhosa também é a mais bruta...

A mais carinhosa também é a mais bruta, a mais inteligente é ao mesmo tempo a mais sensível, a mais bonita é a mais emburrada, a mais esperta é ao mesmo tempo a mais mundo da lua, a mais bem humorada também é a mais chorona, a mais falante é ao mesmo tempo a mais secreta, a mais velha é ao mesmo tempo a mais moleca, a mais moça também é a mais madura uma não vive sem a outra, e eu não vivo sem as duas. Autor desconhecido.

Decifra-me - Vera Sousa Silva.

Decifra-me Que importa meu rosto Se é nas palavras Que me encontras?  Que importa meu corpo  Se é nos versos  Que me revelo?  Decifra-me num Poema  E encontra-me por aí...  Vera Sousa Silva.

E se for amor? - Cáh Morandi.

Respiro fundo.  Experimento, re-experimento.  O beijo, nada mais que um beijo.  Tremo, desabo, desfaleço.  Aquele riso trai meu bom senso.  Enlouqueço, me permito, desatino.  E me dou, e me entrego.  De corpo, de alma.  E de repente,  Estou morrendo, estou vivendo.  E se for amor?  Se tudo isso foi só um beijo...  Cáh Morandi.

Amar - Carlos Drummond de Andrade.

Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar?  sempre, e até de olhos vidrados, amar?  Que pode, pergunto, o ser amoroso,  sozinho, em rotação universal,  senão rodar também, e amar?  amar o que o mar traz à praia,  o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,  é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?  Amar solenemente as palmas do deserto,  o que é entrega ou adoração expectante,  e amar o inóspito, o cru,  um vaso sem flor, um chão de ferro,  e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e  uma ave de rapina.  Este o nosso destino: amor sem conta,  distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,  doação ilimitada a uma completa ingratidão,  e na concha vazia do amor a procura medrosa,  paciente, de mais e mais amor.  Amar a nossa falta mesma de amor,  e na secura nossa amar a água implícita,  e o beijo tácito, e a sede infinita.  Carlos Drummond de Andrade.

Foi-se a Copa? - Carlos Drummond de Andrade.

Foi-se a Copa? Não faz mal. Adeus chutes e sistemas. A gente pode, afinal, cuidar de nossos problemas. Faltou inflação de pontos? Perdura a inflação de fato. Deixaremos de ser tontos se chutarmos no alvo exato. O povo, noutro torneio, havendo tenacidade, ganhará, rijo, e de cheio, A Copa da Liberdade. Carlos Drummond de Andrade.

Perguntas - Carlos Drummond Andrade.

“Perguntei-lhe por fim a razão sem razão de me inclinar aflito sobre restos de restos, de onde nenhum alento vem refrescar a febre desse repensamento: sobre esse chão de ruínas imóveis, militares na sua rigidez que o orvalho matutino já não banha ou conforta. No vôo que desfere, silente e melancólico, rumo da eternidade ele apenas responde (se acaso é responder a mistérios, somar-lhes um mistério mais alto): Amar depois de perder.” Carlos Drummond Andrade.

Consolo na praia - Carlos Drummond de Andrade.

Vamos, não chores… A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis casa, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o humour? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-se – de vez – nas águas. Estás nu na areia, no vento… Dorme, meu filho. Carlos Drummond de Andrade.

Ausência - Carlos Drummond de Andrade.

Ausência Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim. Carlos Drummond de Andrade.

O amor que move o sol e as estrelas. Amar se aprende amando - Carlos Drummond de Andrade.

Dante escreveu que Deus não é apenas uma imagem ofuscante de luz gloriosa, mas que ele é acima de tudo, l'amor che move il sole e l'altre stelle...'O amor que move o Sol e as outras estrelas'. " “O amor que move o sol, como as estrelas.” “O verso de Dante é uma verdade resplandecente, e curvo-me ante a sua magnitude. Ouso insinuar, sem pretensão a contribuir para se que desvende o mistério amoroso: Amar se aprende amando. Sem omitir o real cotidiano, também matéria de poesia."  Carlos Drummond de Andrade.

Que a felicidade não dependa do tempo - Carlos Drumond de Andrare.

Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. Que ela possa vir com toda a simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos. Carlos Drummond de Andrade.

Quando encontrar alguém - Carlos Drummond de Andrade

“Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.  Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.  Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.”  Carlos Drummond de Andrade.

Para Sempre - Carlos Drummond de Andrade.

Para Sempre Por que Deus permite  que as mães vão-se embora?  Mãe não tem limite,  é tempo sem hora,  luz que não apaga  quando sopra o vento  e chuva desaba,  veludo escondido  na pele enrugada,  água pura, ar puro,  puro pensamento.  Morrer acontece  com o que é breve e passa  sem deixar vestígio.  Mãe, na sua graça,  é eternidade.  Por que Deus se lembra  — mistério profundo —  de tirá-la um dia?  Fosse eu Rei do Mundo,  baixava uma lei:  Mãe não morre nunca,  mãe ficará sempre  junto de seu filho  e ele, velho embora,  será pequenino  feito grão de milho.  Carlos Drummond de Andrade.

Diante de uma criança - Carlos Drummond de Andrade.

Diante de uma criança Como fazer feliz meu filho? Não há receitas para tal. Todo o saber, todo o meu brilho  de vaidoso intelectual  vacila ante a interrogação  gravada em mim, impressa no ar.  Bola, bombons, patinação  talvez bastem para encantar?  Imprevistas, fartas mesadas,  louvores, prêmios, complacências,  milhões de coisas desejadas,  concedidas sem reticências?  Liberdade alheia a limites,  perdão de erros, sem julgamento,  e dizer-lhe que estamos quites,  conforme a lei do esquecimento?  Submeter-se à sua vontade  sem ponderar, sem discutir?  Dar-lhe tudo aquilo que há  de entontecer um grão-vizir?  E se depois de tanto mimo  que o atraia, ele se sente  pobre, sem paz e sem arrimo,  alma vazia, amargamente?  Não é feliz. Mas que fazer  para consolo desta criança?  Como em seu íntimo acender  uma fagulha de confiança?  Eis que acode meu coração  e oferece, como uma flor,  a doçura desta lição:  da

O que é duradouro - Carlos Drummond de Andrade.

O que é duradouro não é o que resiste ao tempo, mas o que, sabiamente, muda com ele. Carlos Drummond de Andrade.

As sem-razões do amor - Carlos Drummond de Andrade.

As sem-razões do amor Eu te amo porque te amo, Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.  Eu te amo porque te amo.  Amor é estado de graça  e com amor não se paga.  Amor é dado de graça,  é semeado no vento,  na cachoeira, no eclipse.  Amor foge a dicionários  e a regulamentos vários.  Eu te amo porque não amo  bastante ou demais a mim.  Porque amor não se troca,  não se conjuga nem se ama.  Porque amor é amor a nada,  feliz e forte em si mesmo.  Amor é primo da morte,  e da morte vencedor,  por mais que o matem (e matam)  a cada instante de amor.  Carlos Drummond de Andrade.

Eu sou aquela mulher - Cora Coralina.

Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida. Não desistir da luta. Recomeçar na derrota. Renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos. Ser otimista. Cora Coralina.

Dizem que o que procuramos é um sentido para a vida - Joseph Campbell.

"Dizem que o que procuramos é um sentido para a vida. Penso que o que procuramos são experiências que nos façam sentir que estamos vivos." Joseph Campbell.

Quanto maior for o seu ego - Osho.

"Nunca reparou? Quanto maior for o seu ego, maior é a mágoa que cria. A mágoa é como uma ferida. Quanto menor for o ego, menos mágoa sentirá - a ferida está curada. Quando não existe ego, nada o magoa. Mesmo que alguém o insulte, isso não magoa, porque você não existe. Como é que podem insultá-lo? O insulto só o atinge se a ferida existir - você é derrotado porque queria ser vitorioso. Se o ego não existir, qual é a diferença entre vitória e derrota? Qual é a diferença entre sucesso e fracasso? Todas as distinções são criadas pelo ego. Sempre que o ego se sente realizado, surge o sucesso e a vitória. Quando o ego não se sente realizado, surge o fracasso e a derrota. Todas as derrotas e vitórias se devem ao ego. Quando não existe ego, vive-se simplesmente sem vitórias e sem derrotas. Vive-se simplesmente sem sucesso, sem fracasso. Vive-se simplesmente... e essa vida simples é a vida religiosa." Osho - A Vida, o Amor e o Riso, pág. 100.

Cuide - Emille Kisar.

Cuide. De cheirar flores.  De respirar amores. De viver sabores. De entender dissabores. De olhar as cores. De abraçar as dores. De perder pudores. De sair dos bastidores. De sentir calores. De tirar bolores. De fugir dos bajuladores. De perceber teus valores. Cuidados assim podem salvar tua vida. Emille Kisar.

Floresce - Cruz e Souza.

Floresce! Floresce, vive para a Natureza,  Para o Amor imortal, largo e profundo.  O Bem supremo de esquecer o mundo  Reside nessa límpida grandeza. Floresce para a Fé, para a Beleza  Da Luz que é como um vasto mar sem fundo,  Amplo, inflamado, mágico, fecundo,  De ondas de resplendor e de pureza. Andas em vão na Terra, apodrecendo  À toa pelas trevas, esquecendo  A Natureza e os seus aspectos calmos. Diante da luz que a Natureza encerra  Andas a apodrecer por sobre a Terra,  Antes de apodrecer nos sete palmos! Cruz e Souza.